aerospace@aerothermalsolutions.co

Modelos pandêmicos no combate à COVID-19.

Compartilhar

Em tempos de pandemia, uma das ferramentas mais úteis na elaboração de estratégias para conter o avanço e danos do Sars-COV 2 é a simulação computacional. Com diferentes modelos de contágio da população, recuperação e evolução do número geral comparando-se a população infectada e o número de leitos disponíveis por exemplo, é possível fazer planejamentos sérios e prever diferentes cenários. A ATS- Aerothermal Solutions (ats4i.com.br) desenvolveu estudos originais baseado na literatura aberta sobre a situação no Brasil e no estado de São Paulo utilizando diferentes modelos de infecção. Isso faz parte de uma colaboração pro-bono da ATS com o IPT (Institutos de Pesquisas Tecnológicas) no esforço humanitário de prever a demanda de UTI e de respiradores para o Estado de São Paulo. O modelo foi validado com dados reais de vários países como China, Alemanha, Espanha, Bélgica e Brasil.Neste artigo, exploraremos o modelo SIR: um modelo biológico de dinâmica populacional que surgiu no início do século XX, sendo o precursor de todos os modelos epidemiológicos posteriores e que também foi utilizado na ATS para análises iniciais que foram aprimoradas e serão discutidas em próximos artigos.

Esse método é importante na situação atual porque, sendo capaz de prever a evolução da doença numa dada região ou país, é possível prever quando se dará o pico maior de infecções e mortes. É possível, então, comparar esse número ao de leitos disponíveis nessa mesma região para verificar e classificar a situação da pandemia localmente. Recentemente o conceito de achatar a curva esteve bastante em evidência justamente por isso: trata-se de uma diluição do número de infectados em função do tempo para evitar o colapso dos sistemas de saúde. Matematicamente, esse é um resultado obtido de acordo com o modelo SIR, que será explorado adiante.

Modelo Matemático SIR

O modelo SIR leva em conta a divisão de uma população de tamanho N, atingida por uma doença,  em três subgrupos. O primeiro deles é o grupo S, composto pelas pessoas que estão susceptíveis ao contágio, I as pessoas infectadas e R o grupo dos recuperados. Este último é o grupo que reúne ambos os indivíduos que, de fato, se recuperaram da doença como os que perderam a vida. A maneira como esses três grupos evoluem num espaço de tempo é representada por S(t), I(t) e R(t). Primeiramente, desconsideram-se taxas de nascimento e mortalidade da população no geral, de maneira que o número total N permaneça o mesmo durante a evolução da doença. Isso é importante, uma vez que as taxas de recuperação e infecção/mortalidade pela COVID-19 são acontecimentos rápidos, num espaço de apenas algumas semanas. A partir dessas três taxas, é possível fazer a previsão da população de um país, utilizando-se os dados divulgados pelos órgãos de saúde de cada localidade.

A população susceptível ao contágio é, inicialmente, toda a população, sendo as taxas de infecção e recuperação igual a 0 no momento justamente anterior à confirmação do primeiro caso no país, quando os indivíduos são atribuídos ao grupo I. Quando os primeiros casos de infecção são confirmados, considera-se a variável de velocidade de infecção no tempo da doença, que tem um papel fundamental na análise: quanto maior a velocidade de infecção, o pico  da curva chega mais rapidamente também, o que, em termos de saúde pública, é perigoso. Isso porque não há como garantir um número excessivamente grande de infectados necessitando de leitos de UTI como é o caso de vários pacientes acometidos pela COVID-19. A partir desses dados, a curva de infectados em função do tempo é construída.

Da mesma maneira que a variável de velocidade de infecção no tempo surge, felizmente também surge a taxa de recuperação no tempo. Essa é a taxa à qual o número de indivíduos se recupera em função do tempo ou que, infelizmente, perdem a vida, atribuídos ao grupo R. Por exemplo, dada 1 semana de análise, quantas pessoas se recuperaram ou morreram no país/estado? A partir desses dados, então, constrói-se a evolução do número de recuperados em função do tempo.

Agora, temos em mãos as taxas de evolução dos grupos I e R em função do tempo. O grupo S, no geral, terá uma evolução de acordo com a velocidade de infecção no tempo em relação ao número total de indivíduos na população. Já o grupo de infectados, I, variará de acordo com o número efetivo de infectados, porém diminuído da taxa de recuperação no tempo. Essa taxa, por sua vez, é a única que afetará o número de indivíduos no grupo R.

Matematicamente, as variações dos três grupos são escritas como equações diferenciais ordinárias, basicamente, como a já dita evolução temporal do crescimento/decaimento dos três grupos. Essas equações estão mostradas abaixo. Nelas,  corresponde à velocidade de infecção no tempo e  a taxa de recuperação no tempo.

A solução dessas equações fornece a variação de cada grupo individual. Comparando-os, pode-se ter uma ideia sobre o pico máximo de contaminação, por exemplo. Abaixo, o gráfico para o Brasil acompanha a evolução dos três grupos em função do tempo, permitindo previsões importantes quanto ao pico de infecções no país.

O pico da curva vermelha deve ser utilizado para o cálculo percentual da necessidade de leitos de UTI. As medidas de distanciamento social têm como função a diluição desse número máximo de infectados para que, percentualmente, esse percentual obtido pela curva vermelha seja menor que o número disponível de leitos de UTI.

Colaboração para desenvolvimento do modelo SIR-D

Como implementação ao modelo SIRa ATS, em colaboração com Giuliano Belinassi, do Instituto de Matemática e Estatística da USP, efetuou a divisão do grupo R em dois subgrupos: o de óbitos  e os que efetivamente se curaram da COVID-19. Essa mudança, matematicamente, não altera a forma das equações diferenciais citadas antes, mas fornece informações preciosas sobre a evolução da doença na sociedade. Esse modelo recebe o nome de SIR-D. Aplicado à sociedade brasileira, por exemplo, obtém-se os resultados apresentados na figura abaixo, que compara as previsões com a situação real do Brasil de acordo com dados divulgados pelos órgãos de saúde. Em azul, o grupo S das pessoas susceptíveis; em laranja, dados oficiais sobre número de infectados; em vermelho, dados sobre os, de fato, recuperados pela doença; em roxo, o grupo no geral (recuperados e mortos); em marrom os números oficiais de mortes no país; finalmente, em rosa, o número estimado de mortes.  

As Equações do Modelo Matemático

As equações resolvidas para o modelo SIR-D estão apresentadas abaixo, onde o termo  correspondente ao número de recuperados é dividido em duas novas variáveis,  e , que também evoluem no tempo e correspondem às taxas de curados e mortos, respectivamente.

O modelo SIR é o mais simplista a ser considerado numa situação pandêmica, uma vez que desconsidera as taxas de nascimento e mortalidade dos indivíduos, mas essa não é a sua única simplificação. Em contextos diferentes, as aplicações do modelo SIR também podem variar.  O modelo SIR é importante e foi o precursor de todos os outros modelos epidemiológicos que serão apresentados no decorrer dessa série, além de ter aplicações em diferentes contextos mostram alguns estudosespalhamento de vírus de internet, marketing digital, mídias sociais finanças/economia.

Veja a galeria de imagens

Fique por dentro dos seus Direitos de Cidadão

Cadastre seu e-mail

Compartilhar

Leia também

Antes de entrar em contato nos informe seus dados abaixo: